O TORNOZELO
Prof. Doutor Niek van Dijk Director do Departamento de Ortopedia do Centro Médico Académico Hospitalar da Universidade de Amesterdão - AMC e professor de Ortopedia e Cirurgia da Universidade de Amesterdão.
A nível de investigação, é o fundador e diretor do centro de pesquisa em Ortopedia de Amesterdão, preconizador de inovadoras técnicas cirúrgicas na área do tornozelo. Entre 2010 a 2012, foi o presidente da maior sociedade europeia de Traumatologia Desportiva, Cirurgia do Joelho e Artroscopia, a ESSKA (European Society of Sports Traumatology Knee Surgery and Arthroscopy). Actualmente, é o presidente da ESSKA-AFAS (Ankle and Foot Associates). |
LESÕES DA CARTILAGEM A articulação do tornozelo é composta pela parte inferior da tíbia (maléolo interno) e do perónio (maléolo externo), e pela superfície articular superior do osso tálus (ou astrágalo). Esta superfície tem a forma de uma cúpula e é totalmente revestida com cartilagem flexível e resistente, que permite que o tornozelo se mova suavemente, dobrando e esticando o pé. Uma lesão da cúpula do tálus significa uma lesão da cartilagem e do osso do tálus dentro da articulação do tornozelo. É também chamada de lesão osteocondral do tálus. "Osteo" significa osso e "condral" refere-se a cartilagem. As lesões da cúpula do tálus são geralmente causadas por uma entorse de tornozelo. Se a cartilagem não recuperar correctamente após a lesão, esta enfraquece com o desenvolver das actividades e pode acabar por quebrar. Por vezes um pequeno fragmento da cartilagem ou de osso danificado poderá ficar “solto” dentro do tornozelo. LESÕES DOS LIGAMENTOS Uma entorse do tornozelo é uma rotura parcial ou total dos ligamentos (tecido fibroso resistente que mantém as articulações na posição correcta) no tornozelo. A entorse do tornozelo é uma lesão comum, sendo que mais de 85% das entorses são em inversão (o tornozelo roda para fora, fazendo com que a planta do pé fique virada para o outro pé). Neste caso o ligamento mais afectado é o ligamento peroneo-astragalino anterior, que se localiza na face lateral do tornozelo. Um mecanismo menos comum de lesão envolve um movimento de eversão forte (o tornozelo roda para dentro) lesionando o complexo ligamentar deltóideo (na face medial do tornozelo). Weber Tipo A: fracturas localizadas abaixo da linha média do tornozelo.
Weber tipo A1 - fractura isolada do maléolo lateral (perónio) Weber tipo A2 - há também uma fractura do maléolo medial (tíbia) Weber tipo A3 - há também uma fractura posteromedial (astrágalo) O mecanismo de lesão é a rotação interna (inversão) e adução. Se se tratar de uma fractura por avulsão do perónio, sem lesão medial, em que se manteve o alinhamento entre os topos ósseos poderá ser tratada apenas com imobilização gessada (4-8 semanas). Fracturas com deslocamento ósseo ou com lesão medial têm indicação cirúrgica, para aplicação de material de fixação. Weber Tipo B: fracturas localizadas na linha média do tornozelo
Weber tipo B1 - fractura isolada do maléolo lateral Weber tipo B2 - há também uma lesão medial (fractura do maléolo medial ou lesão do ligamento deltóide) Weber tipo B3 - há também uma lesão medial e uma fractura posterolateral da tíbia O mecanismo de lesão é a rotação externa (eversão) com um pé virado para fora. Estas fracturas podem ser instáveis. Fracturas Weber tipo B estáveis podem ter indicação para o tratamento conservador, no entanto a maioria tem indicação cirúrgica. Weber Tipo C: fracturas localizadas acima da linha média do tornozelo Weber Tipo C1 - há uma fractura simples da diáfise do perónio Weber Tipo C2 - há uma fractura complexa diafisária do perónio Weber tipo C3 - há uma fractura proximal do perónio Mecanismo de lesão é a adução ou abdução do pé combinada com rotação externa (eversão). Estas fracturas são geralmente instáveis, exigindo intervenção cirúrgica. FRATURAS DO ASTRÁGALO O osso astrágalo (ou tálus) localiza-se no médio-pé e articula-se atrás com o calcâneo, do lado externo com o cubóide e à frente com os 3 coneiformes. Este osso desempenha um papel importante na manutenção da arcada plantar. As fracturas do astrágalo podem ser: - Fracturas arrancamento: são as mais comuns e têm geralmente associadas lesões ligamentares, como resultado de uma força de torção brusca aplicada ao médio-pé. Essas fracturas são comummente tratadas de forma conservadora, com excepção da fractura arrancamento da inserção do tendão tibial posterior (fractura da tuberosidade), que deveser reparada cirurgicamente, especialmente seo deslocamento do fragmento ósseo for superior a 1 cm. - Fracturas do corpo do astrágalo: estão geralmente associadas a outras lesões da articulação médio-társica. - Fracturas de stress: são geralmente associadas à prática desportiva, principalmente em jovens atletas do sexo masculino. |
Capítulos
2015
"PÉ E TORNOZELO"
Editora: Lidel; Editores: Paulo Amado; André Gomes; Paulo Felicissímo; Nuno Côrte Real "Engenharia de tecidos e medicina regenerativa na abordagem das lesões do tornozelo" H Pereira, J Silva-Correia, R Canadas, D Pereira, Le-Ping Yan, AL Oliveira, JM Oliveira, J Espregueira-Mendes, Niek Van Dijk, RL Reis, P Ripoll 2014
"THE ANKLE IN FOOTBALL"
Capítulo 20 - Peroneal and Posterior Tibial Tendon Pathology Hélder Pereira , Pedro Luís Ripoll , Joaquim M. Oliveira, Rui L. Reis , João Espregueira-Mendes , and C. Niek van Dijk |